A capacidade emocional central

>> O mundo emocional é como um universo: pode ser tão perfumado, leve e multifacetado como um ramo de flores, tão rico e tentador como um banquete, tão nutritivo, acolhedor e aconchegante como um oásis, ou tão profundo, silencioso, cintilante e cheio de saudades como um céu estrelado. – Contudo, este mundo interior também pode parecer impenetrável, envolvente e até perigoso como uma selva, ou monótono, monocromo e árido como um deserto, acompanhado de imprevisíveis e comoveis erupções sísmicas, explosivo como um vulcão, ou assustador, confuso e perturbador como uma sala de espelhos.

Nos Açores, parece natural e fácil ceder ao fluxo das emoções, porque aqui se está rodeado de água, ondas e mar; além disso, as fontes termais jorram e as quedas de água salpicam em piscinas naturais verde-esmeralda em alguns locais; simplesmente deixar-se tocar profundamente por diversos espetáculos naturais, tais como lagos vulcânicos refletores, de iguarias do mercado e os ananases locais, ou a vastidão do horizonte e das estrelas brilhantes, as pessoas do grupo com percursos de vida/fate semelhantes, e o silêncio na casa de hóspedes do século XVII. Não há praticamente nenhuma emoção que não possa ser sentida aqui. – As emoções são sempre verdadeiros e merecem toda a nossa atenção, assim como a sua expressão de uma forma apropriada à idade.

Perceber as emoções, reconhecê-las, senti-las dentro de si próprio, aceitar as tensões e necessidades interiores, dar-lhes espaço e, por vezes, também suportá-las, estar ao seu lado e expressá-las de acordo com a situação, mas não se identificar com elas, é um processo de aprendizagem valioso que apoiamos no Caribou Azores. Dependendo das necessidades do grupo, acompanhantes e/ou peritos adequados podem oferecer impulsos valiosos a isto e favorecer e aprofundar o processo, dando dicas.

Aqueles que se propõem a lidar com as suas emoções, ultrapassando bloqueios e medos, não ignorando nem reprimindo os seus sentimentos, por exemplo através dum processo de luto*, podem, num processo mais longo de crescimento interior, experimentar mais espontaneidade, brincadeira infantil, amor, compaixão, solidariedade e alegria, e assim explorar a sua própria riqueza emocional – estes são os dons de se tornarem.

*Processo de luto: ŸסŸ negar o que está a acontecer, recusar-se a admiti-lo, sucumbir ŸסŸ aceitar lentamente o que está a acontecer ŸסŸ permitir que a impotência e a raiva sejam expressasŸ ŸסŸ sentir dor e mágoa ŸסŸ sentir e expressar a necessidade de proteção, segurança e calor ŸסŸ a procura de uma saída, para a luz no fim do túnel Ÿ decisão consciente para uma "vida depois" ŸסŸ Apreciação e agradecimento pelo que tem sido feito ŸסŸ cura através do perdão e reconciliação ŸסŸ reorientação com novas possibilidades de comportamento que se revelam na realidade quotidiana – durante um curto período de tempo pode haver regressões às fases anteriores do processo de luto. O peso total do luto pode então reaparecer, mas estas fases normalmente diminuem relativamente depressa para que o próximo passo no caminho da cura siga

Urban